A história do churrasco no Brasil tem muito para contar. Começa, necessariamente, no século XVII, no interior dos Sete Povos das Missões, comunidade criada pelos jesuítas no oeste do Rio Grande (abrangendo Paraguai e Argentina) para reunir indígenas – em especial os Povos Guaranis.
As Missões
foram destruída em 1768, a comunidade deixou como testemunho, além das ruínas,
um belo exemplo de sociedade ideal para os homens e sua profunda influência na
colonização, além do churrasco.
Ali eram
criados grandes rebanhos de bovinos, equinos, suínos e outros animais, sem dono
após a guerra de destruição, ganharam os campos e ali se multiplicaram ao sabor
da natureza. Era riqueza muito vistosa para não ser aproveitada naquele Brasil
– colônia que crescia atrás do ouro.
Os
predadores passaram a descer de Laguna e São Paulo para capturá-los. Eram os
tropeiros, cuja refeição básica nas breves paradas de acampamento consistia num
pedaço de carne fresca, assada ao calor das brasas no chão e temperado com um
pouco de cinza (para salgar a carne).
E,
como os tropeiros, invernadores e seus peões tinham no gado assado sua dieta
principal, agora salgado. Eles haviam copiado dos povos indígenas o costume de
colocar mantas de carne sob o arreamento, no lombo do cavalo, enquanto
cavalgavam. No ponto de parada, devidamente salgado pelo suor do animal, a
carne estava pronta para ir ao fogo.
Então,
o churrasco tornou-se fio condutor da história brasileira e prosseguiu nesse
papel durante o terceiro ciclo da fixação e ocupação de terra.
A
receita não podia ser mais simples: carne com alguma gordura – em geral costela
-, coberta de sal e levada ao fogo demorado, assando primeiro de um lado e
depois do outro.
De
fato, os registros históricos se referem ao coócai, um assado primitivo e ao
coócatuca, carne no espeto, usado pelos índios. A verdade é que no século
passado, a modalidade do fogo de chão estava definitivamente consagrada, a
julgar pelo depoimento do naturalista Saint Hilaire, de 1821. “Logo chegando ao
lugar onde pisei, meu soldado fez uma grande fogueira; cortou a carne em
compridos pedaços da espessura de um dedo, fez ponta em uma vara de cerca de
dois pés de comprimento e enfiou-o a guisa de espeto em um dos pedaços de carne
e quando julgou suficientemente assado, expôs o outro lado.
COMO
PREPARAR EM CASA:
Primeiro
você deve ter um espaço adequado para isso. Um local longe de construções e árvores
para, então, fazer seu churrasco. Também, ter lenha que não pode ser restos de construção,
pois a madeira tradada ou com resíduos de tinta pode intoxicar quem comer a
carne. Mas, como fazer:
-
Calcule um quilo de costela fresca por
comensal;
-
Limpe a carne: ou seja, tire o excesso de
peles, nervos, gordura existente e coloque num espeto;
-
Tempero: dê um banho de cachaça (aguardente)
na carne, o suficiente para umedecer todo o produto. Passe sal grosso por todas
as partes, deixando uma camada geral em toda a carne;
-
No local: afixe o espeto ao chão, coloque a
lenha em todos os lados, cercando o espeto. Respeite um espaço de um metro
entre a carne e a lenha. Ateie fogo (não use combustível fóssil).
-
O fogo: durante as próximas as horas, o
trabalho é do fogo. Durante seis horas mantenha o fogo queimando com lavaredas
que não superem 20 centímetros e constante em todos os lados, sempre repondo,
aos poucos, a lenha.
Não
é necessário virar a carne, pois tem fogo de todos os lados. Inicialmente a
carne parece não estar assando, fica vermelha por pelo menos quatro horas. Isso
é normal, pois a carne está assando por dentro, quando tostar é sinal de que
está cozinha na parte interior.
Como
sei se está bom? A carne começa a encolher e os ossos ficam aparecendo.
Quando
estiver pronto (seis horas depois), tire o espeto do chão, bata na carne para
cair o excesso de sal, leve à mesa e sirva.
PROPORÇÃO:
- 20 kg de costela;
- Um copo (300 ml) de cachaça;
- Sal grosso;
RENDE: uma refeição para vinte
pessoas.