sábado, 31 de janeiro de 2015

COMO PREPARAR A COSTELA FOGO DE CHÃO


A história do churrasco no Brasil tem muito para contar. Começa, necessariamente, no século XVII, no interior dos Sete Povos das Missões, comunidade criada pelos jesuítas no oeste do Rio Grande (abrangendo Paraguai e Argentina) para reunir indígenas – em especial os Povos Guaranis.
As Missões foram destruída em 1768, a comunidade deixou como testemunho, além das ruínas, um belo exemplo de sociedade ideal para os homens e sua profunda influência na colonização, além do churrasco.
Ali eram criados grandes rebanhos de bovinos, equinos, suínos e outros animais, sem dono após a guerra de destruição, ganharam os campos e ali se multiplicaram ao sabor da natureza. Era riqueza muito vistosa para não ser aproveitada naquele Brasil – colônia que crescia atrás do ouro.
Os predadores passaram a descer de Laguna e São Paulo para capturá-los. Eram os tropeiros, cuja refeição básica nas breves paradas de acampamento consistia num pedaço de carne fresca, assada ao calor das brasas no chão e temperado com um pouco de cinza (para salgar a carne).
E, como os tropeiros, invernadores e seus peões tinham no gado assado sua dieta principal, agora salgado. Eles haviam copiado dos povos indígenas o costume de colocar mantas de carne sob o arreamento, no lombo do cavalo, enquanto cavalgavam. No ponto de parada, devidamente salgado pelo suor do animal, a carne estava pronta para ir ao fogo.
Então, o churrasco tornou-se fio condutor da história brasileira e prosseguiu nesse papel durante o terceiro ciclo da fixação e ocupação de terra.
A receita não podia ser mais simples: carne com alguma gordura – em geral costela -, coberta de sal e levada ao fogo demorado, assando primeiro de um lado e depois do outro.
De fato, os registros históricos se referem ao coócai, um assado primitivo e ao coócatuca, carne no espeto, usado pelos índios. A verdade é que no século passado, a modalidade do fogo de chão estava definitivamente consagrada, a julgar pelo depoimento do naturalista Saint Hilaire, de 1821. “Logo chegando ao lugar onde pisei, meu soldado fez uma grande fogueira; cortou a carne em compridos pedaços da espessura de um dedo, fez ponta em uma vara de cerca de dois pés de comprimento e enfiou-o a guisa de espeto em um dos pedaços de carne e quando julgou suficientemente assado, expôs o outro lado.

COMO PREPARAR EM CASA:
Primeiro você deve ter um espaço adequado para isso. Um local longe de construções e árvores para, então, fazer seu churrasco. Também, ter lenha que não pode ser restos de construção, pois a madeira tradada ou com resíduos de tinta pode intoxicar quem comer a carne. Mas, como fazer:
-        Calcule um quilo de costela fresca por comensal;
-        Limpe a carne: ou seja, tire o excesso de peles, nervos, gordura existente e coloque num espeto;
-        Tempero: dê um banho de cachaça (aguardente) na carne, o suficiente para umedecer todo o produto. Passe sal grosso por todas as partes, deixando uma camada geral em toda a carne;
-        No local: afixe o espeto ao chão, coloque a lenha em todos os lados, cercando o espeto. Respeite um espaço de um metro entre a carne e a lenha. Ateie fogo (não use combustível fóssil).
-        O fogo: durante as próximas as horas, o trabalho é do fogo. Durante seis horas mantenha o fogo queimando com lavaredas que não superem 20 centímetros e constante em todos os lados, sempre repondo, aos poucos, a lenha.
Não é necessário virar a carne, pois tem fogo de todos os lados. Inicialmente a carne parece não estar assando, fica vermelha por pelo menos quatro horas. Isso é normal, pois a carne está assando por dentro, quando tostar é sinal de que está cozinha na parte interior.
Como sei se está bom? A carne começa a encolher e os ossos ficam aparecendo.
Quando estiver pronto (seis horas depois), tire o espeto do chão, bata na carne para cair o excesso de sal, leve à mesa e sirva.
PROPORÇÃO:
- 20 kg de costela;
- Um copo (300 ml) de cachaça;
- Sal grosso;

RENDE: uma refeição para vinte pessoas.

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